sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sindicato da Hotelaria da Madeira estima que cerca de 600 trabalhadores tenham salários em atraso

Funchal, 20 jan (Lusa) - O Sindicato dos Trabalhadores na Hotelaria, Turismo, Alimentação, Serviços e Similares da Madeira revelou hoje que cerca de 600 trabalhadores deste setor estão com salários em atraso na região.

"Pensamos, através das queixas e das informações que temos no nosso sindicato, que andam à volta de 600 os trabalhadores nesta situação de salários em atraso", afirmou o dirigente sindical Rui Fernandes.

O responsável falava aos jornalistas no decurso de uma ação de protesto de sete de 13 trabalhadores do Vagrant, um iate que pertenceu aos Beatles e foi transformado num bar-restaurante instalado na baía do Funchal, que hoje iniciaram uma greve por tempo indeterminado devido a salários e subsídios em atraso.

"Nunca tivemos tantas queixas por salários em atraso como este mês de janeiro", acrescentou Rui Fernandes, reconhecendo que, devido à crise, as empresas estão a ter "bastantes problemas", mas "são os trabalhadores que sofrem mais com esses problemas".

Junto ao restaurante, duas tarjas, nas quais se lia "lutamos pelos nosso salário" e "trabalho escravo não", alertavam para a situação da empresa, cujos funcionários distribuíam um comunicado aos transeuntes.

No documento, os trabalhadores explicam que "não lhes restou outra alternativa" que não a paralisação, "na medida em que ainda não receberam os salários de novembro e dezembro de 2011 e os subsídios de férias e de Natal".

O comunicado informa que, embora já tenha havido uma "reunião destinada a procurar uma solução para esta situação", em dezembro, a empresa "não apresentou, até hoje, qualquer proposta no sentido da resolução deste problema que, compreensivelmente", está a causar "graves prejuízos aos trabalhadores".

Rui Fernandes sublinhou que "são valores que equivalem a quatro salários", referindo que houve funcionários que receberam valores entre os 100 e os 200 euros relativos ao pagamento faseado do vencimento de novembro.

"É verdade que já estão acertados alguns valores faseadamente, mas penso que ninguém consegue sobreviver com cento e tal euros por mês", comentou, garantindo que a greve vai manter-se "até haver uma solução".

João Aveiro, de 55 anos, funcionário no iate Vagrant há década e meia, explicou que os salários em atraso é um problema que se "arrasta há três anos", com os trabalhadores a receber os vencimentos a "prestações", realçando que a situação se agravou o ano passado.

"No meu caso, vou pedindo, vou-me desenrascando com a família à espera de uma solução", disse.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da administração do restaurante, mas sem sucesso.


Retirado de http://noticias.pt.msn.com/economia/